quinta-feira, 29 de março de 2012


INUTILIDADES
           Ninguém coça as costas da cadeira.
           Ninguém chupa a manga da camisa.
           O piano jamais abana a cauda.
           Tem asa, porém, não voa, a xícara.
           De que serve o pé da mesa se não anda?
           E a boca da calça se não fala nunca?
           Nem sempre o botão está na sua casa.
           O dente de alho não morde cousa alguma
           Ah! Se trotassem os cavalos do motor...
           Ah! Se fosse do circo o macaco do carro...
           Então a menina dos olhos comeria
          Até bolo esportivo e bala de revólver
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                                                                                                    José Paulo Paes

sábado, 24 de março de 2012

Noam Chomsky - Roda Viva (Brazil)

Qualquer estudioso da linguagem já leu sobre a importâcia de Noam Chomsky, um dos maiores pensadores do século XX,  para os estudos da linguagem. No entanto, muitos desconhecem as reflexões de Chomsky sobre outros temas.  Procurando algo totalmente diferente nesse vasto mundo que é a internet, descobri esta entrevista de Chomsky ao Programa Roda Viva. Já sabia que ele estivera no  Brasil algumas vezes, mas desconhecia esse material. Na entrevista, Chomsky fala sobre mídia, internet, e evidentemente, questões políticas. Vou dispensar qualquer apresentação de Noam  Chomsky por aqui, para que todos cliquem no link e tenham uma boa aula.

                    

domingo, 18 de março de 2012

Cartas a um jovem poeta

                                        

 "(...) Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. (...) Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas deste longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade."    http://www.releituras.com/rilke_menu.asp

sexta-feira, 9 de março de 2012

UM HOMEM DE CONSCIÊNCIA

                                                                                                  

Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o deperecimento visível de sua Itaoca.
-“Isto já foi muito melhor” – dizia consigo. – “Já teve três médicos bem bons – agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...”.
João Teodoro entrou a incubar a idéia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
- “É isso” – deliberou lá por dentro. “Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui”.
Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, não se julgava capaz de nada...
Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa seriíssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado – e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!...
João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou no seu cavalinho magro e partiu.
Antes de deixar a cidade foi visto por um amigo madrugador.
- Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
-Vou-me embora – respondeu o retirante. – Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
-Mas, como? Agora que você está delegado?
- Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado eu não moro. Adeus. E sumiu.
(LOBATO, Monteiro. Um homem de consciência. In:Cidades mortas. 2 ed. São Paulo: Globo, 2009)

domingo, 4 de março de 2012

Divulgando...



Apresentação

A Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o apoio acadêmico e logístico das Faculdades de Letras, em parceria com o Consulado Geral da França e a Universidade de Lyon promovem o "I° Colóquio Internacional de Formação de professores de línguas estrangeiras: desafios da aprendizagem e do ensino".
Articulando a formação continuada dos professores de língua estrangeira a um evento festivo mundialmente conhecido e celebrado, a « Semana da Francofonia », este evento tem o objetivo de fomentar o diálogo intercultural sobre as questões relacionadas à formação inicial e continuada dos professores de língua estrangeira, estabelecendo um intercâmbio entre estudantes, professores e pesquisadores que atuam nesta área. Reforçamos, portanto, que não se trata de um colóquio exclusivamente direcionado aos estudantes, professores e pesquisadores de francês como língua estrangeira, mas também aos de outros idiomas.
Esse espaço dialógico buscará promover a comunicação entre áreas tradicionalmente separadas em setores responsáveis pelos estudos das diferentes línguas e das diferentes literaturas estrangeiras. Junto a isso, a maior contribuição que este colóquio almeja oferecer é a ampliação do escopo de pesquisa, reflexão e debate acerca da formação inicial e continuada de professores de línguas, visto que a maioria dos eventos na área tende a focalizar aspectos específicos da linguagem em discussões que não dialogam com os espaços de formação e atuação docente.
A coordenação e organização deste colóquio será feita pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa e Extensão em Formação de Professores de Línguas – FORPROLI – que visa o desenvolvimento de estudos sobre a formação de professores de línguas e literaturas e ensino/aprendizagem destas, no intuito de melhor compreender este campo de atuação profissional, apontando possíveis perspectivas de trabalho num diálogo com os saberes da prática docente.

Eixos Temáticos

  1. Análise do discurso e práticas docentes
  2. Processos de ensino/aprendizagem
  3. Leitura e letramento
  4. Literatura, cultura e formação docente
  5. Políticas Públicas de Ensino

Apoio

sábado, 3 de março de 2012

VIII PLE- Encontro de Português Língua Estrangeira - UFF

                                               CARTAZ


É com satisfação que comunicamos que será realizado nos dias 26, 27 e 28 de junho de 2012 o VIII ENCONTRO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA DO RIO DE JANEIRO (VIII PLE-RJ), na Universidade Federal Fluminense – Niterói - Rio de Janeiro/ Brasil.
Os Encontros de Português Língua Estrangeira do Rio de Janeiro (PLE-RJ) constituem uma iniciativa conjunta da Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com o intuito de reunir anualmente pesquisadores, professores, estudantes e outros interessados em Português para Estrangeiros, promovendo uma ampla troca de conhecimentos produzidos na área.
Os encontros, sempre organizados conjuntamente, são itinerantes, acontecendo a cada ano em uma das três instituições participantes. Em sua oitava edição, cujo tema é Ensino de PLE – trajetórias e desafios, objetiva-se promover discussões e trocas de experiências sobre questões relativas a constituição e especificidades da área, atividades de ensino e pesquisa nela empreendidas e desafios com que se depara na contemporaneidade.
O PLE-RJ foi idealizado como um evento regional que reunisse profissionais da área e oferecesse contribuições e divulgação para eventos nacionais e internacionais a ela relacionados, vindo, contudo, a adquirir um alcance inesperado pela participação de profissionais de vários estados do Brasil e mesmo de outros países.
Os interessados em participar devem preencher o formulário de inscrição disponível em nosso site. O prazo limite para o envio de propostas de trabalho é até 30 de abril de 2012.
Contamos com a sua participação !
Comissão Organizadora do VIII PLE-RJ
  
     
 Instituições Promotoras
                                                             uff                                             logo_ufrj                                          puc