quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Dezembro, um abraço!

Dezembro é o  mês com trânsito intenso a qualquer hora, mês em que há muito calor e muita chuva, restaurantes barulhentos, pessoas impacientes, médicos com agendas lotadas, parece que o brasileiro se organiza como se fosse acontecer uma guerra. Todos os mercados lotados, as casas abastecidas, os presentes embrulhados, as roupas novas... parece que tudo precisa ser organizado antes do ano acabar e por isso é também o mês da arrumação.
Arrumar a casa no fim do ano, significa arrumar as ideias. Talvez seja por isso que todo mês de dezembro eu arrume o que não arrumei o ano todo. Colocar o que nos interessa no lugar certo.
Em uma dessas arrumações, caiu literalmente na minha cabeça, um livro que há anos não sabia onde estava. Trata-se do Livro dos Abraços do escritor uruguaio Eduardo Galeano.
                                  
                                              
Desço a escada que me leva até o alto da estante,  abro o livro e sinto cheiro de lembrança. Mas só depois de alguns minutos vejo a dedicatória:
                "O Livro dos abraços com um abraço bem apertadinho. Sempre"
Isso tudo me fez pensar que embora o mês de dezembro seja sempre um tumulto, certamente é o mês em que recebemos e damos abraços carinhosos em todos: nas pessoas que conhecemos e vemos todos os dias, nas recém chegadas nas nossas vidas, nas que não vemos há tanto tempo, nas que nunca mais veremos novamente...
Não arrumo o livro na estante, ele ainda não tem o lugar certo, é preciso reler. Apenas dou um abraço no livro acreditando que definitivamente Dezembro é o mês do abraço...E assim viro a página de 2011, desejando a todos um abraço bem apertadinho.Sempre.
Cristina

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

II SIELP - Simpósio Internacional de Língua Portuguesa


UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
30/05 A 01/06
de
2012


                    
                                   As inscrições e outras informações no site www.ileel.ufu.br/sielp

domingo, 18 de dezembro de 2011

Cesaria Evora deixa saudades....


Paris, 05/04/2004


E m'dojr bo caba q'ues esparate
Pa ca ba pobe nome d'velocidade
Oia q'ma tude cosa forte
Um dia ta t'chega na fim (2 x)

Se bo ta moda um tracolança
'M ca sabê
Se bo vida ta na balança
'M ca e culpode (2 x)

Ja'l soma ta bem ta treme
Q'tude se vaidade estilusinha
Ele ca t'ma fe na ques desgraçode
Q'tava traz d'quel esquina ta guital (2 x)

Se bo ta moda um tracolança. . .
Se bo ta moda um tracolança. . .
Ja'l soma ta bem ta treme. . .
Se bo ta moda um tracolanca. . .

sábado, 17 de dezembro de 2011

Fábula dos Dois Leões

Diz que eram dois leões que fugiram do Jardim Zoológico. Na hora da fuga cada um tomou um rumo, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões de todo jeito mas ninguém encontrou. Tinham sumido, que nem o leite.
Vai daí, depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca. Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado do PTB que arranjasse vaga para ele no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem em reintegrar um leão tão carcomido assim. E, como deputado do PTB arranja sempre colocação para quem não interessa colocar, o leão foi reconduzido à sua jaula.
Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrava do leão que fugira para o centro da cidade quando, lá um dia, o bruto foi recapturado. Voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, vendendo saúde. Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico Schmidt que, para certas coisas, também é leão.
Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para as florestas da Tijuca disse pro coleguinha:
— Puxa, rapaz, como é que você conseguiu ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para as matas da Tijuca, tive que pedir arreglo, porque quase não encontrava o que comer, como é então que você... vá, diz como foi.
O outro leão então explicou:
 — Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública. Cada dia eu comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.
— E por que voltou pra cá? Tinham acabado os funcionários?
— Nada disso. O que não acaba no Brasil é funcionário público. É que eu cometi um erro gravíssimo. Comi o diretor, idem um chefe de seção, funcionários diversos, ninguém dava por falta. No dia em que eu comi o cara que servia o cafezinho...me apanharam.
   Fonte: “Primo Altamirando e Elas”, Stanislaw Ponte Preta. Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1961.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fim

                                     

Portanto, esta história começa pelo fim, quando ela sobe para o ônibus das 15h30 e olha para trás.  Triste, mas não cabisbaixa. Observa se está na poltrana 11. Reclina a poltrona, ajeita a bolsa no colo, olha pela janela. Está claro: a história acabou.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um Sonho de Simplicidade

Out. 2011
      
Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de simplicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou os amigos no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?
Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor me surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço.
A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida, uma simples mulher, que mais? Que se possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu tomava a água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de evasão, meu trago de cachaça.
Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo do Acre? A gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso era bom. Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barranca, no meio do mato, e chegamos à choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei numa grande rede branca — foi um carinho ao longo de todos os músculos cansados. E então ele me deu um pedaço de peixe moqueado e meia caneca de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e votes distantes de animais noturnos.
Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas, inaugurar de repente uma vida de acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade de conhecer mais aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar, como a patrulha que faz um reconhecimento. Mas por que, para que, essa eterna curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?
Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse oficio absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas... Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo: tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo. mas deixasse a alma sossegada e limpa.
Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. E apenas um instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número... Para que tomar nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver — sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.
                            (BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. RJ: Record, 1983)

domingo, 11 de dezembro de 2011

sábado, 10 de dezembro de 2011

Velhas árvores

        Escrito por Olavo Bilac no século XIX, por volta de 1888
      
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
e bem atual.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Poliglota

Achava-se Emilio de Meneses em uma roda da “Pascoal”, quando chegou um amigo e apresentou-lhe um rapaz que vinha em sua companhia:
- Apresentou-lhe Fulano de Tal. É nosso patrício e tem corrido o mundo inteiro. Fala corretamente o inglês, o francês, o italiano, o espanhol, o alemão...
O rapaz sorria, modesto, antes os elogios, e a palestra voltou ao que era.
Ao fim de uma hora, durante a qual apenas proferiu alguns monossílabos, o viajante despediu-se e se foi embora.
- Que tal esse camarada? Perguntou a Emilio um dos da roda.
- Inteligentíssimo e, sobretudo, muito criterioso – opinou o rei dos boêmios.
- Mas ele não disse palavra...
- Pois, por isso mesmo, tornou Emilio. E rindo: você não acha que é ter talento saber ficar calado em seis línguas diferentes?

                                               (Humberto de Campos)

sábado, 3 de dezembro de 2011

Roda o baleiro porque gente grande precisa de carinho

Além dos péssimos programas na TV, me assusto com a quantidade de propagandas também péssimas. Logo as propagandas! Eram criativas, inteligentes, irônicas....eram.... era: já era! Não aguento mais tanta propaganda de carro, telefone celular, cerveja! Somos apenas isso?
Saudades do jingle da bala kids, dos cobertores Parahyba, do cotonete azul que dançava e mudava de cor. Outro consumo. Outro tempo.