sexta-feira, 30 de setembro de 2011

X SEMINÁRIO DE METODOLOGIA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA -

 

A PESQUISA E O ENSINO NO CAMPO DA LINGUAGEM NESTA PRIMEIRA DÉCADA DO MILÊNIO

16, 17 E 18 DE NOVEMBRO DE 2011
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – FE-USP

Este evento pretende retomar os últimos dez anos deste novo milênio com o objetivo de levantar elementos para uma síntese crítica do que se produziu na academia e do que se vem aplicando no cotidiano escolar. Em outras palavras, o SMELP procura situar a área de ensino de língua materna e de linguagens neste contexto discursivo e, ao mesmo tempo, cotejar as relações entre o campo da pesquisa e do ensino em suas mais amplas dimensões.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Não sabia que era preciso

           Ao contrário do que afirmam os ingénuos (todos o somos uma vez por outra), não basta dizer a verdade. De pouco ela servirá ao trato das pessoas se não for crível, e talvez até devesse ser essa a sua primeira qualidade. A verdade é apenas meio caminho, a outra metade chama-se credibilidade. Por isso há mentiras que passam por verdades, e verdades que são tidas por mentiras.
Esta introdução, pelo seu tom de sermão da quaresma, prometeria uma grave e aguda definição de verdades relativamente absolutas e de mentiras absolutamente relativas. Não é tal. É apenas um modo de me sangrar em saúde, de esquivar acusações, pois, desde já o anuncio, a verdade que trago hoje não é crível. Ora vejamos se isto é história para acreditar.
O caso passa-se num sanatório. Abro um parênteses: o escritor português que escolhesse para tema de um romance a vida de sanatório, talvez não viesse a escrever A Montanha Mágica ou O Pavilhão dos Cancerosos, mas deixaria um documento que nos afastaria da interminável ruminação de dois ou três assuntos erótico-sentimentalo-burgueses. Adiante, porém, que esta crónica não é lugar de torneios ou justas literárias. Aqui só se fala de simplezas quotidianas, pequenos acontecimentos, leves fantasias – e hoje, para variar, de verdades que parecem mentiras. (Verdade, por exemplo, é o doente que entrava para o chuveiro, punha a água a correr, e não se lavava. Durante meses e meses não se lavou. E outras verdades igualmente sujas, rasteiras, monótonas, degradantes.)
Mas vamos à história. Lá no sanatório, dizia-me aquele amigo, havia um doente, homem de uns cinquenta anos, que tinha grande dificuldade em andar. A doença pulmonar de que padecia nada tinha a ver com o sofrimento que lhe arrepanhava a cara toda, nem com os suspiros de dor, nem com os trejeitos do corpo. Um dia até apareceu com duas bengalas toscas, a que se amparava, como um inválido. Mas sempre em ais, em gemidos, a queixar-se dos pés, que aquilo era um martírio, que já não podia aguentar.
O meu amigo deu-lhe o óbvio conselho: mostrasse os pés ao médico, talvez fosse reumatismo. O outro abanava a cabeça, quase a chorar, cheio de dó de si mesmo, como se pedisse colo. Então o meu amigo, que lá tinha suas caladas amarguras e com elas vivia, impacientou-se e foi áspero. A atitude anunciou-lhe que ia mostrá-los ao médico. Mas que antes disso gostaria que o seu bom conselheiro os visse.
E mostrou. As unhas, amarelas, encurvavam-se para baixo, contornavam a cabeça dos dedos e prolongavam-se para dentro, como biqueiras ou dedais córneos. O espectáculo metia nojo, revolvia o estômago. E quando perguntaram a este homem adulto por que não cortava ele as unhas, que o mal era só esse, respondeu: “Não sabia que era preciso.”
As unhas foram cortadas. Cortadas a alicate. Entre elas e cascos de animais a diferença não era grande. No fim das contas (pois não é verdade?), é preciso muito trabalho para manter as diferenças todas, para alargá-las aos poucos, a ver se a gente atinge enfim a humanidade.
Mas de repente acontece uma coisa destas, e vemo-nos diante de um nosso semelhante que não sabe que é preciso defendermo-nos todos os dias da degradação. E neste momento não é em unhas que estou a pensar.
                                             José Saramago. In: A bagagem do viajante

domingo, 25 de setembro de 2011

IV Congresso Internacional sobre Metáfora na Linguagem e no Pensamento

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O encontro acontecerá no Campus Centro da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul
, no período de 26 a 28 de outubro de 2011.
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O IV Congresso Internacional sobre Metáfora na Linguagem e no Pensamento é um evento importante para os pesquisadores sobre metáforas e para os pesquisadores em Linguística Cognitiva em geral, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Nas suas últimas edições, o congresso tem contado com a participação de mais de 250 pesquisadores de todo o mundo e se volta para diversos aspectos pertinentes à Linguística Cognitiva, principalmente ao tema atual Metáfora: Cultura e Natureza.

O IV CMLP tem como objetivo reunir pesquisadores de todo o mundo interessados na investigação do papel da metáfora na linguagem e no pensamento. Serão analisados resumos de trabalhos sobre todos os tópicos relacionados ao tema do congresso, dentre eles metáfora e ensino; metáfora e cultura; metáfora nas diferentes perspectivas teórico-metodológicas; identificação e processamento de metáforas; metáfora e neurociências; e metáfora e discurso. Mais informações estão disponíveis nesta página do evento.

O IV Congresso Internacional sobre Metáfora na Linguagem e no Pensamento é uma realização do grupo de pesquisa SEMÁFORO – Fórum de Discussão em Semântica Cognitiva - com o apoio do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

domingo, 18 de setembro de 2011

Ao viajante





Com franqueza resolvo te escrever, mesmo depois de tanto tempo. Senti cheiro de raposa no ar da praia. Eu sempre andei pela areia, perto da água, molhando os pés e correndo da água fria. Sempre querendo e não querendo. Sempre com medo da água-viva.
Em minhas andanças, eu quase sempre lembro no quanto a paz no meu sorriso te agradava, no quanto ríamos juntos quando contávamos estrelas. Mas você passou rapidamente, podia ter ficado bem mais, se não fosse essa sua teima em fugir de si mesmo. Acreditou que era capaz, mas não suportou o tempo passar e ficar com o melhor. Apenas com o melhor.
Queria ter ido com você até o Theatro Municipal, achar as outras fotos, preparar um almoço no domingo. Ah! Se ficasse mais um pouco...eu gostava dos teus escritos, mesmo não entendo muito bem aquilo tudo. Poderia ter escrito mais, não tomaria tanto tempo assim. Nas tuas cartas, chamava-me sempre no diminutivo, mas sou forte. Sempre, sempre. Paciente e forte. Os inquietos, como você, sempre estão indo, sem rumo, procurando algum poste para se encostar e descansar as muletas.
Você cambaleou, caiu. Eu fiquei e sigo em paz.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

IV Encontro de Estudos da Linguagem



ENELIN2011
IV Encontro de Estudos da Linguagem
III Encontro Internacional de Estudos da Linguagem
15 a 17 de setembro de 2011
Pouso Alegre - MG




quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Avançar!

Estátua Data: 2005. Artista: Ique Material: Bronze -Ipanema / RJ
Foto: arquivo pessoal /set- 2011

O corneteiro de Pirajá é um personagem que merece ser lembrado todos os dias. Quando a vida pede para recuar em silêncio, lembro-me da história do Corneteiro.

Na batalha de Pirajá, em 1822, na Bahia, o comandante da batalha, prevendo a derrota, deu ordem ao Corneteiro Luiz Lopes para a retirada das tropas que enfrentavam os portugueses.  Por engano ou não, o Corneteiro deu o toque de “avançar degolando” e foi assim que os brasileiros, embora em menor número, venceram a batalha. O comandante da batalha recebeu o título de Visconde de Pirajá. Em Ipanema, na Rua Visconde de Pirajá, o artista Ique fez esta bela estátua de bronze como homenagem.
Nas diárias batalhas brasileiras, por convicção ou por descuido, é bom avançarmos para garantirmos algumas vitórias.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CONFLITO

                            "Ai, que conflito
                  Roubaram o cabrito

                  do seu Benedito" 
                                                                                                                          
                                                                                                                          Zeca Pagodinho

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Uma quinta-feira com Quintana


Poeminha Sentimental

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam
.

Mário Quintana