Tenho notícias de um amigo que está largado pelas bandas africanas e fico saudosa da literatura angolana. Reviro minha estante e acho dentro do livro Mayombe, autografado pelo Pepetela, uma resenhazinha escrita em 97. Eu gostava de ler e escrever nas últimas folhas alguma coisa parecida com uma resenha. Eis que temos nos meus escritos:
O romance Mayombe trata do cotidiano de uma base guerrilheira durante as lutas de libertação de Angola. Mayombe reconta a história de Angola a partir da visão libertadora do MPLA, levando em conta o papel do intelectual como expressão e transformador da própria cultura.
Cada personagem tem origem étnica diferente, mas o projeto de vencer o colonialismo torna-se comum. Trata-se de um romance polifônico em que as referências do passado e as projeções do futuro remetem à construção da História. Dessa forma, percebe-se a História não como pano de fundo do romance, mas como elemento que o compõe. Cada personagem é sujeito desse processo histórico, salvaguardando as individualidades, o projeto une mas não iguala as personagens. Assim, as diferenças étnicas são respeitadas.
A obra de Pepetela aprofunda a técnica do multifoco narrativo, rompendo com a imobilidade de um único ponto de vista. Uma indicação de que a verdade não pode ser vista como absoluta. A verdade surge da integração desses pontos que encontram ou se afastam ao mesmo tempo.
O romance aponta para o fato de que Literatura e História se aproximam constituindo uma unidade importante para a compreensão de uma identidade que se constrói durante a luta pela independência angolana.
Agora é hora de reler Mayombe!
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