Rodrigo Souza e a alegria de sempre |
E a vida nos dá e nos tira como um vento. Quando fui convidada para dar
aula no curso de comunicação social em 2011, comemorei. Vi a possibilidade de
dividir com a garotada todas as informações de bastidores que eu tinha sobre a
escrita em jornal e TV. Vi também um garoto jovem, na primeira carteira
anotando tudo o que eu falava. Com o tempo ficamos mais próximos. Ele esperara
a aula acabar e me ajudava com o equipamento, comprava minha água, carregava meu material, mas não me
poupava de pedir para que o ensinasse algo mais. Um dia fomos almoçar juntos e
eu passei mal. Ele não se desesperou, pediu uma água, me acalmou e fez
gracinhas para eu reagir. Eu estava saindo de uma estafa, o organismo pedia um
tempo. “Se a gente não para, o corpo para a gente”, me dizia ele.
Quando o Rodrigo foi chamado para trabalhar na TV, comemorei. Sai
correndo de Copacabana e fui encontrá-lo em um shopping em Botafogo. Era
véspera da entrevista dele para a TV e eu querendo ensinar tudo sobre voz,
postura. Ele entrou para a NGT e não demorou muito ganhou um programa semanal
de uma hora. Comemoramos!
Virávamos noites escrevendo pauta, selecionando temas, curiosos. Comoramos
tudo e sempre. Nos falávamos todos os dias para que eu desse conta de aprender
sobre o face, whatsapp, e toda essa parafernalha tecnológica. Ano passado, ele
foi comigo a uma loja escolher meu celular. Dizia que o meu era cafona demais
para uma professora da comunicação. Assim, passamos a comemorar diariamente a
vida e a rir dela.
Quando ele foi para o hospital ontem, fiquei ressabiada. Sabia que era
grave, mas ele me deu a pista falsa. Acreditei, desde o início do ano que ele
era hemofílico. Mas não, ele me poupou do diagnóstico de uma leucemia, porque
sabia de uma grande perda na minha vida para o câncer. Foi um menino gentil e
alegre do primeiro ao último dia de vida. Comemoro a nossa amizade e os dias
que passamos juntos, as conquistas e trapalhadas nossas pelos corredores da
universidade. Fica bem, meu negão e eu cuido de seguir aqui na festa da vida.